TEMPO DE ANTENA - LOCALVISÃO.TV

PROGRAMA DA CDU -A VOZ NECESSÁRIA NA CÂMARA DA GUARDA

22 setembro 2009

Incúria Administrativa e a Memória da Guarda

Incúria Administrativa e a Memória da Guarda

Nos últimos anos, a Guarda tem sido confrontada com a marca da incúria que lhe hipoteca o futuro, bem visível nas ruas mal cuidadas, nos edifícios degradados e em ruínas que marcam a sua paisagem. Tudo se complica no seu degradado e desprezado centro histórico, onde o mau e desajeitado gosto tomou conta do espaço.
Para piorar tudo, nos últimos dias, a Guarda foi confrontada com a mais que provável perda do seu Arquivo Histórico da Educação. Para percebermos bem o que se passa, devemos estar conscientes de que se trata de um arquivo histórico, intermédio e corrente. O seu armazenamento num barracão de uma fábrica desactivada no Rio Diz põe de facto em perigo a Memória da Guarda e, ainda, a emissão de documentos necessários para a reforma de professores e funcionários das Escolas e também de diplomas escolares das sucessivas gerações de estudantes.
Tudo começou com a destruição da estrutura humana que fazia funcionar a Coordenação Educativa da Guarda. Ficou assim desguarnecida a sua guarda, pondo em causa o uso efectivo deste acervo documental. Seguiu-se a entrega do espaço físico onde estava o acervo, a antiga residência feminina na Rua António Sérgio, que foi construída com o apoio da Fundação Gulbenkian, que passou para a alçada do Ministério da Educação e deste para a Câmara Municipal, que as entregou à Agência Nacional da Protecção Civil, sem cuidar de dar destino adequado a este acervo. Em resumo, para colocar em funcionamento a Protecção Civil, a Câmara Municipal desprotegeu o Arquivo da Educação e Ensino da Guarda.
Nesta sucessão de actos de incúria, vemos o rasto irresponsável do Ministério da Educação nas suas instâncias centrais, regionais e locais e a falta de sentido da responsabilidade da Câmara Municipal, aqui com o beneplácito leviano do Governo Civil.
Nas ruas da cidade, encontramos a degradação dos edifícios e a desleixada construção de prédios novos já decadentes, que mostram a incapacidade dos seus empreiteiros, dos engenheiros e arquitectos que os projectaram e a incúria administrativa de uma Câmara Municipal. De facto, esta tudo deixa andar na mais indecorosa incompetência e no mais gritante mau gosto. Na verdade, apesar de ser o caso mais mediático, a falta de qualidade guardense não tem origem única na produção da juventude de um engenheiro que chegou a primeiro-ministro. Tem origem geral na má e descuidada organização do arquivo municipal e, ainda mais, na sua difícil e quase impossível ligação aos interessados na boa gestão urbanística do espaço urbano.
Na verdade, para além de não ser possível saber o que guarda, o (quase) inacessível Arquivo Municipal impede não só o controlo efectivo do processo administrativo que leva a tão má construção, mas também a do exercício de uma cidadania activa em defesa da cidade da Guarda.
De facto, à semelhança de tantas outras autarquias, também na Guarda é possível organizar um sistema de informação urbanística, que permita a participação dos cidadãos no desenvolvimento harmonioso da cidade, a preservação da sua memória e identidade e a sua projecção como cidade racional e feliz porque eficiente no uso dos seus recursos.
Pousade, 20 de Setembro de 2009
Aires Antunes Diniz
1º Candidato da CDU à Assembleia Municipal da Guarda

Sem comentários:

Enviar um comentário